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Especial Maio Amarelo

Publicado: Terça, 20 de Maio de 2025, 18h48 | Última atualização em Terça, 20 de Maio de 2025, 18h50 | Acessos: 120

A urgência de atitudes mais conscientes e inclusivas no trânsito

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Por Luan Cardoso | Pexels Kaique Rocha

O trânsito brasileiro segue como uma das principais causas de morte no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, só em 2023, mais de 35 mil pessoas perderam a vida em acidentes nas vias urbanas. Em 2025, a campanha Maio Amarelo propõe uma reflexão coletiva com o tema Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana, destacando a necessidade de um trânsito mais empático, seguro e inclusivo. A proposta é incentivar a sociedade a repensar práticas cotidianas e pressionar autoridades por medidas que garantam o direito à mobilidade urbana com segurança para todos.

A escolha do mês de maio remonta à Resolução 66/260 da Organização das Nações Unidas (ONU), publicada em 11 de maio de 2011, que instituiu a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. A cor amarela simboliza atenção e alerta, reforçando a urgência do debate. No entanto, segundo Patrícia Bittencourt, professora do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará (UFPA), a campanha ainda carece de visibilidade no cenário local. “Falta divulgação por parte dos órgãos públicos, inclusive no nosso município. As ações deveriam alcançar escolas, universidades, entre outros espaços, especialmente neste momento, em que a cidade se prepara para receber muitas pessoas durante a COP 30”, pontua.

A professora alerta para a crescente vulnerabilidade de pedestres e ciclistas, que continuam sendo desrespeitados nas vias urbanas. “Um comportamento muito comum em Belém são as motocicletas circulando nas ciclofaixas, nas calçadas e, até mesmo, na contramão. Isso precisa ser corrigido urgentemente”, afirma Patrícia Bittencourt.

A responsabilidade é coletiva. Condutores de veículos motorizados, ciclistas, usuários de transporte público e pedestres compartilham o mesmo espaço e precisam adotar atitudes conscientes. Para que isso se concretize, é necessário que haja infraestrutura, educação e fiscalização. Sem esses três pilares, não é possível garantir uma mobilidade verdadeiramente segura. O Maio Amarelo 2025 propõe, para além da veiculação de campanhas, um olhar mais profundo sobre a postura humana no trânsito, marcada, muitas vezes, por comportamentos apressados, negligentes e individualistas.

Futuro terá a inteligência artificial nas ruas

A tecnologia e a responsabilidade humana podem andar juntas? Essa perspectiva é abordada por Eduardo Coelho Cerqueira, professor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações da UFPA, que estuda veículos autônomos, redes inteligentes e sistemas de transporte do futuro. Veículos autônomos operam com diferentes níveis de autonomia, indo do nível zero (sem automação) até o nível cinco, no qual o veículo dispensa completamente a condução humana. “Já é possível ver isso em prática nos Estados Unidos, com empresas como a Waymo realizando entregas e transporte de passageiros sem motoristas”, afirma o professor.

Para que essas tecnologias avancem, o Brasil ainda precisa superar desafios estruturais importantes. O principal, observado por Cerqueira, é a falta de infraestrutura em telecomunicações e computação de borda – que permita a comunicação em tempo real entre veículos e sistemas de inteligência artificial (IA).

O objetivo é que os sistemas de informação baseados em IA consigam substituir completamente a necessidade da direção humana. “Por exemplo, em um deslocamento do ponto A ao ponto B, o indivíduo poderia estar dedicado a outras atividades, como estudo ou trabalho, em vez de estar dirigindo”, destaca Cerqueira.

No entanto, conforme ressalta o professor, a atuação humana é essencial para o desenvolvimento e aprimoramento da inteligência artificial e, por isso, deve-se reforçar a segurança no trânsito.

Campanha e alerta – Conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro, a educação para o trânsito é um direito de todos e deve ser pauta permanente em todos os níveis de ensino e em todas as instituições. Patrícia Bittencourt defende tanto a realização de atividades curriculares com o tema, como outras iniciativas da Universidade, por exemplo, a Semana do Calouro. A professora destaca que o Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de Engenharia Civil promoveu, no ano passado, durante a Semana Nacional de Trânsito, uma ação no DNIT, para alunos de escola pública de ensino fundamental.

O Maio Amarelo não deve se limitar a um mês de alerta. A mobilidade segura e acessível só será realidade quando se tornar prioridade nas políticas públicas, no comportamento comunitário e nas tecnologias que moldam o futuro das cidades. Humanizar o trânsito é reconhecer que cada escolha individual impacta o coletivo. A responsabilidade é de todos, assim como o direito de circular com segurança.

 Edição: Rosyane Rodrigues
Beira do Rio Ed.174 - Mar/Abr/Mai

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