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Mulheres e Meninas na Ciência

Publicado: Quinta, 13 de Fevereiro de 2025, 15h16 | Última atualização em Quinta, 20 de Fevereiro de 2025, 16h51 | Acessos: 286

Retratos da desinformação nas mídias sociais da Amazônia

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Por Victoria Rodrigues Foto Alexandre de Moraes

Nas mídias sociais, diversas informações com alcances significativos são propagadas a todo instante. Mas será que todas as pessoas que leem esses posts checam se as informações são verdadeiras antes de repassá-las para outras pessoas? A resposta, infelizmente, é não. Na região amazônica, por exemplo, os números relacionados à crise desinformacional cresceram significativamente após a pandemia da covid-19. Isso foi o que o Relatório Amazônia Livre de Fake, coordenado pelo Intervozes, apontou ao mapear 32 figuras públicas e identificar que 28 delas publicaram 192 postagens com desinformação no ano de 2023.

Com o propósito de apresentar um contexto acerca da rede informacional da Amazônia paraense e identificar características que favorecem a desinformação e as ações de resistência contra ela, a pesquisadora Thais Peniche produziu uma pesquisa intitulada “Cenários da Desinformação na Amazônia: peculiaridades regionais e ações de combate”. O estudo foi desenvolvido por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/UFPA), com orientação da professora Elaide Martins da Cunha.

“O objetivo geral da pesquisa foi identificar e mapear esse cenário de desinformação. Identificamos desinformação em diversas áreas, especialmente na saúde, no meio ambiente e, principalmente, na política, pelo contexto pós-eleitoral que a gente estava vivendo. Então, o intuito da pesquisa foi mapear esses agentes e o que eles produzem de desinformação”, explica a pesquisadora Thais Peniche.

A crise desinformacional como um fenômeno ligado a interesses políticos e econômicos

Inclinada em suas análises, a pesquisadora observou diversos portais de notícia, o WhatsApp, o Facebook e, principalmente, o Instagram. Este último foi identificado como o local em que foram encontrados os principais agentes de desinformação ligados à política na Amazônia, que eram, em sua maioria, vereadores, deputados e senadores da região. Além das mídias sociais, também foram analisados os relatórios do Coletivo Intervozes, um agente de combate à desinformação no país que identificou informações que não eram 100% verdadeiras em relação aos temas de violência e desflorestamento. “Com base nesses relatórios, a gente viu que é um cenário preocupante e que tem muito a se explorar, no qual a violência, o desmatamento e o jornalismo estão interligados”, explica Thais.

Neste sentido, os resultados da pesquisa apontam que os cenários que mais favorecem a disseminação da desinformação na Amazônia são os que estão diretamente ligados aos conteúdos políticos, como os debates relacionados à posse de terras indígenas, à questão fundiária e ao desmatamento. Somado a esses fatores, foi apontado, ainda, que alguns perfis de ONGs, de coletivos e de instituições oficiais costumam realizar postagens estratégicas nas mídias sociais para combater a desinformação, porém ainda não foi encontrada pelo estudo nenhuma instituição específica que atue como ação de combate a esses conteúdos no estado do Pará.

“A análise que a gente construiu nos fez compreender que a desinformação nunca vai ser um fenômeno isolado, mas sim uma ferramenta que vai fazer perpetuar interesses políticos econômicos e vai favorecer alguém. E vai favorecer a destruição ambiental, vai favorecer a violência, mas, principalmente, vai favorecer o bem-estar dos mais ricos. Então, com base nos dados que a gente coletou, ficou muito evidente que a desinformação aqui, na Amazônia Legal, exige ações que sejam muito específicas e mais coordenadas”, conclui a pesquisadora.

Sobre a pesquisadora: Thais Caroline de Almeida Peniche, de 28 anos, trabalha com Jornalismo Político em uma Assessoria de Comunicação em Belém e, atualmente, está finalizando o curso de Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal do Pará (UFPA). Thais tem interesse em continuar os estudos na área da pesquisa e trabalhar com Jornalismo Científico atrelado à produção de conhecimento na Amazônia. Além disso, quando não está estudando, a pesquisadora ama entrar em desafios literários, fazer meditação para auxiliar no cuidado com a saúde mental, entrar em contato com a natureza e dedicar o seu tempo livre para praticar exercícios físicos, como ir à academia, correr, fazer yoga e pilates.

Para as meninas e mulheres que sonham em iniciar na pesquisa científica, ela incentiva: “Na pesquisa, a gente ganha maturidade, ganha conhecimento e trabalha muito a autoestima, principalmente das mulheres. Eu acredito que, para a mulher, que é constantemente atacada com machismo estrutural e com várias questões emocionais, o ‘estudar’ cura muita coisa”, finaliza Thais.

Sobre a pesquisa: O relatório de pesquisa intitulado “Cenários da Desinformação na Amazônia: peculiaridades regionais e ações de combate” foi desenvolvido pela estudante de Jornalismo Thais Caroline de Almeida Peniche, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic/UFPA). O estudo contou com a orientação da professora Elaide Martins da Cunha, da Faculdade de Comunicação (Facom), vinculada ao Instituto de Letras e Comunicação da Universidade Federal do Pará (ILC/UFPA).

Edição: Maissa Trajano
Beira do Rio Ed.173 - Dez/Jan/Fev 2024-2025

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