Especial de verão
Como conciliar o lazer com a preservação ambiental

Por Evelyn Ludovina | Ilustração: Freepik
Durante as férias, conhecer novos lugares é quase um item obrigatório no checklist de qualquer turista. No entanto, quando os visitantes vão embora, é a população local que precisa lidar com o volume de lixo nos pontos turísticos, aumentando pelo descarte irregular de embalagens e outros resíduos.
Com o crescente interesse pelo contato com a natureza e por atividades ao ar livre, destinos com áreas verdes e paisagens naturais têm ganhado destaque nas férias de brasileiros e estrangeiros. De acordo com dados do Ministério do Turismo, em parceria com a Embratur e a Polícia Federal, o Pará recebeu 10.659 turistas internacionais entre janeiro e maio de 2025, um aumento de 27% em relação ao mesmo período de 2024, quando o estado registrou 8.388 visitantes.
Embora o turismo impulsione a economia local, segundo a professora Maria Ludetana Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais (Proficiamb), o aumento no fluxo de visitantes também traz desafios, como superlotação, maior produção de resíduos e impactos negativos ao meio ambiente. “Parece que o lixo não incomoda ninguém. Nem esteticamente, nem pelo mau cheiro. Mas, quando as chuvas chegam, tudo se mistura. Continuamos de olhos vendados diante da necessidade de uma ação responsável no cuidado com o nosso lixo”, alerta a docente.
O controle e a gestão das atividades ecoturísticas envolvem todos os responsáveis: poder público, empresários, profissionais e o próprio turista. A mudança de comportamento da população é essencial. “É preciso fiscalização e monitoramento, com a presença de basquetes ou contêineres apropriados nos espaços públicos. Campanhas permanentes com informações simples e claras são fundamentais. É possível formar grupos para implementar composteiras urbanas em locais e alturas que não atraiam animais. As pessoas precisam olhar com mais carinho para os espaços que ocupam e que esperam ser cuidados”, completa Ludetana Araújo.
Diante desse cenário, o ecoturismo se apresenta como uma alternativa sustentável, pois, além de valorizar o patrimônio natural, promove práticas de baixo impacto e respeito às comunidades locais, conciliando lazer com preservação ambiental. Para Silvia Cruz, professora da Faculdade de Turismo (Factur), do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (Icsa/UFPA), especialista em Turismo Sustentável, qualquer prática ecoturística precisa estar alinhada à educação e à sensibilização, tanto do visitante quanto da comunidade local. “Os empreendimentos de ecoturismo estabelecem regras, como a não utilização de plásticos, o zoneamento ecológico e econômico da área visitada, o aproveitamento responsável dos recursos naturais e culturais; técnicas de regeneração; monitoramento e controle da capacidade de carga; além de outras atitudes comprometidas com a responsabilidade socioambiental”, explica.
Nesse contexto, o Turismo Comunitário Sustentável (TCS) surge como uma alternativa viável, ao colocar as comunidades locais no centro da atividade turística e buscar gerar benefícios econômicos, sociais e ambientais. A proposta alia a preservação ambiental ao fortalecimento de comunidades que dependem do turismo para sobreviver. “O TCS tem como princípios a sustentabilidade, a participação e as práticas coletivas. É um modelo de gestão administrado por coletivos, como de mulheres, quilombolas, indígenas e ribeirinhos. Sua prática está imbuída dos princípios do desenvolvimento sustentável, da conservação e do uso responsável dos recursos socioambientais. Afinal, sem esses recursos, não há como desenvolver o Turismo Comunitário Sustentável”, conclui a professora.
Onde fazer Turismo Comunitário Sustentável em Belém
Cotijuba, com o Movimento Mulheres das Ilhas de Belém;
Combu, no Eco Restaurante Saldosa Maloca; no Espaço Filhas do Combu e no Espaço Ygara Artesanato e Turismo.
Edição Rosyane Rodrigues - Beira do Rio edição 175 - Junho, Julho e Agosto
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