UFPA
68 anos para rememorar e comemorar

Por Leila Mourão Miranda |Foto: Acervo pessoal
A Universidade Federal do Pará (UFPA) completa 68 anos de existência em 2025, gestando e realizando projetos diversos, sobre os quais se pode refletir acerca da sua história e realizações, rememorando-as e comemorando-as. A celebração de datas faz parte da vida educacional e científica, social, cultural e política da Instituição, pois revela a trajetória e os acontecimentos nelas vivenciados. Em âmbito público, festejam-se os aniversários em datas consideradas importantes, e as comemorações realizadas pelas sociedades laicas celebram os acontecimentos históricos. Cada ato comemorativo tem especificidades, e a UFPA tem sua história realizada em variados contextos históricos políticos, econômicos, culturais e sociais.
É no presente que se definem os sistemas de rememoração e comemoração, como ensina o historiador Pierre Nora. Tais sistemas demarcam os ‘lugares de memórias’, tornando-os úteis para refletir sobre os sentidos de comemorações da existência da UFPA na região amazônica brasileira, distinguindo as suas memórias e histórias. A história é reconstrução do passado, ainda que incompleta, do que se passou, e a memória é atual, elaborada e informada ao ser solicitada. Ela expressa a ligação do vivido no passado e no presente, em que os encontros entre história e memória relembram e situam as ações institucionais e de pessoas que a realizaram, em suas narrativas. Nesse sentido, é necessário mencionar a atuação e expansão da UFPA na Amazônia Paraense.
Uma das mais importantes realizações da UFPA foi implantar e consolidar a ‘Interiorização do Ensino Superior, da Pesquisa e Extensão’. Em 2026, a Interiorização da UFPA completará 40 anos e já resultou na formação de milhares de profissionais graduados/as e de três universidades autônomas: Universidade Federal do Amapá (Unifap), em 1990; Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em 2009; e Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), em 2013. Em 2003, a UFPA se tornou Multicampi e possui, atualmente, onze campi: Abaetetuba, Ananindeua, Altamira, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Castanhal, Salinópolis, Soure e Tucuruí. Sua expansão resultou do compromisso social, da ousadia, da coragem e da persistência institucional de pessoas, e sua execução envolveu decisões, ações, emoções e sentimentos múltiplos e diversos.
As memórias do processo de instalação e execução da Interiorização do Ensino Superior na Amazônia, destacando a participação e atuação do componente humano da UFPA e da sociedade na sua expansão, por meio dos 1º e 2º Projetos e do Programa de Interiorização, entre as décadas de 1986 e 2000, alteraram as condições da educação paraense. Os resultados obtidos com o 1º Projeto promoveram sua transformação em um programa a partir de 1993 e diversificaram suas atividades em acordo com as demandas.
Nessa jornada, promoveu-se ensino de graduação, pós-graduação, ensino fundamental e médio (Projeto Gavião), formando professores para escolas rurais. Houve capacitação acadêmica e técnica em várias áreas: artes (música, teatro, literatura), alfabetização não silábica, literatura regional (promovendo a recuperação de saberes e conhecimentos), desenvolvimento de tecnologias, administração pública, pesquisas sobre a presença de mercúrio em águas, peixes e solos no Baixo Amazonas, estudos ambientais fluviais e marítimos costeiros na zona bragantina, implantação do Laboratório de Biotecnologia Animal em Castanhal. Realizaram-se pesquisas e estudos sobre quilombos e quilombolas, povos indígenas e demais populações tradicionais. Fizeram pesquisas arqueológicas e estudos da presença e potencialidade de recursos ‘naturais’ de vegetação, hidrologia, solos e climatologia em municípios na Amazônia Paraense. O complexo processo educacional, socioeconômico, político-financeiro, institucional e cultural realizado pelo Projeto/Programa de Interiorização da UFPA ampliou o acesso ao ensino superior e a melhoria da educação e do conhecimento do e no estado do Pará.
Celebrar comemorando as realizações da UFPA aos seus 68 anos e os 39 anos da sua interiorização se constitui na oportunidade de reunir e organizar abordagens teóricas e metodológicas inovadoras, desdobramentos e diálogos inter e multidisciplinares e produção de conhecimento, orientando outros e novos olhares analíticos sobre a Instituição, que tornou explícita sua pluralidade ambiental (continental e insular), étnica, social, cultural (artística, literária e urbanística, entre outras), socioeconômica, político-administrativa, mas também imaginária, imaginada e vivenciada na UFPA, que a tornou a maior universidade da Amazônia brasileira. Parabéns a todas e todos que contribuíram nesta jornada e na efetivação das atribuições institucionais em nossa querida Universidade Federal do Pará.
Leila Mourão Miranda – professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia (PPGHist/IFCH/UFPA). Doutora pelo PPGDSTU (NAEA/UFPA). Tem expediência nas áreas de História, Desenvolvimento Socioambiental e Direitos Humanos. E-mail leilamiranda.mourao@gmail.com
Beira do Rio edição 175 - Junho, Julho e Agosto
Redes Sociais