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Quem são os trabalhadores que constroem a cidade?

Escrito por Beira do Rio | Publicado: Sexta, 29 de Março de 2019, 13h49 | Última atualização em Segunda, 01 de Julho de 2019, 17h18 | Acessos: 4154

Dissertação traça perfil daqueles que fazem a construção civil na RMB

imagem sem descrição.

Por Aila Beatriz Inete Foto Alexandre de Moraes

O trabalho já foi tido como sinônimo de escravidão, ausência de capacidade intelectual e servidão. Mas, atualmente, possuir trabalho é ter dignidade. A professora de Sociologia Suzana Albornoz diz que o que distingue os homens dos animais é a consciência e a intencionalidade para o trabalho. Lourdes Oliveira e Souza, orientada pelo professor Dênio Ramam Carvalho, defendeu a sua dissertação Perfil do Trabalhador da Construção Civil da Região Metropolitana de Belém – PA no Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil (PPGEC). Segundo Lourdes, a indústria da construção civil é de suma importância para a economia brasileira, e o tema é pouco abordado em pesquisas.

A pesquisa visa desenhar o perfil do trabalhador da construção civil da Região Metropolitana de Belém, identificar o conhecimento da categoria sobre segurança e saúde do trabalhador e comparar o perfil encontrado aqui com aqueles encontrados por outros autores em diversas cidades do Brasil, ressaltando suas convergências e divergências.
Para traçar os perfis, a engenheira aplicou questionários e realizou entrevistas em vários canteiros de obra da cidade, durante o ano de 2014, alcançando 450 trabalhadores.  “Após a coleta de dados, elaborei uma tabela geral, com todas as respostas. Posteriormente, organizei gráficos e novas tabelas traçando o perfil desses trabalhadores”, relembra Lourdes Souza.

Segundo Lourdes, o trabalhador de Belém não é muito diferente dos trabalhadores de outras regiões do País. Ela chama atenção para o nível de escolaridade dos empregados, o qual é superior ao de outros Estados. “Aqui, em Belém, 32% dos entrevistados possuem ensino médio completo. Há Estados em que 50% dos trabalhadores têm nível fundamental incompleto” revela a engenheira. Na RMB, os trabalhadores têm idade entre 18 e 25 anos. São jovens, quando comparamos com os resultados de outras pesquisas, que indicam idade média superior a 30 anos.

Mulheres ainda estão em menor número nos canteiros de obras

Na pesquisa, é possível observar a porcentagem de trabalhadores casados e solteiros. Os casados têm uma leve predominância sobre os solteiros, 49,5% e 48,7%, respectivamente. Mais de 70% dos trabalhadores recebem até dois salários mínimos, e a maioria é servente. A maior parte dos operários utiliza o ônibus como principal meio de transporte até o local de trabalho. “Suas principais despesas são com alimentação e vestuário, porém os gastos com eletrônicos e celulares têm crescido muito”, afirmou a pesquisadora.

É possível observar também a predominância do sexo masculino nas obras: 96% são homens e apenas 4% mulheres. “A indústria da construção civil demanda bastante força e vigor físico, o que, em geral, não condiz com a condição física da mulher. Geralmente, elas trabalham em áreas mais leves sendo azulejistas, ceramistas, rejuntadoras e encanadoras”, afirmou Lourdes Souza. Aqui, em Belém, 69,1% dos funcionários possuem casa própria, 20,7% moram de aluguel e 10,2%, em casa de parentes.

Quanto à segurança e à saúde no trabalho, 29% possuem algum curso na área, e a maioria conhece os riscos aos quais está exposta. Quase todos utilizam os equipamentos de proteção individual fornecidos pelas empresas. No entanto 21% já sofreram algum tipo de acidente e 13% já foram afastados por esse motivo.
A baixa escolaridade restringe o processo de qualificação e ascensão profissional. “O aprendizado do operário é feito na própria obra. Com o tempo, eles vão adquirindo conhecimento com os mais antigos e vão ascendendo. Isso acontece demais na construção civil”, conta Lourdes Souza.

Segundo a engenheira, um funcionário com mais escolaridade tem facilidade para compreender e interpretar plantas, operar máquinas, conhecer projetos hidráulicos e elétricos, criando mais chances de ascensão profissional e melhores salários.

“Esperamos que a divulgação desse estudo provoque questionamentos e gere novas pesquisas sobre essa categoria”, afirma a engenheira. Ela ainda propõe que novas pesquisas sejam desenvolvidas, alcançando trabalhadores de todo o Pará.

Ed.148 - Abril e Maio de 2019

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Perfil do Trabalhador da Construção Civil da Região Metropolitana de Belém – PA

Autora: Lourdes Oliveira e Souza

Orientador: Dênio Ramam Carvalho

Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil (PPGEC/ITEC).

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