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Para além do entretenimento

Publicado: Sexta, 06 de Dezembro de 2019, 18h12 | Última atualização em Sexta, 06 de Dezembro de 2019, 18h24 | Acessos: 1855

Pesquisa analisa relação entre consumidores e programas em três diferentes plataformas

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Por Gabriel Mansur Fotos Acervo da Pesquisa

Hoje os meios de comunicação, em especial a televisão, fazem parte da vida da maioria dos brasileiros. Segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2016, dos quase 70 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil, apenas 2,8% não tinham televisão. Além disso, 102,1 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais acessaram a internet em 2015, ano de referência da pesquisa.

Os números do PNAD demonstram que cada vez mais brasileiros passaram a utilizar os meios de comunicação. Pensando nisso, o bolsista de iniciação científica Erick Matheus Nery buscou compreender de que maneira os programas de entretenimento influenciam a construção da identidade de quem os consome. O entretenimento, como apresenta o aluno em sua pesquisa, por meio de dados do Kantar Ibope (2018), é líder em engajamento digital. Na TV Aberta, nove das dez maiores transmissões de conteúdo foram relacionadas aos produtos de entretenimento, demonstrando a importância do estudo de programas desse gênero.

A pesquisa Comunicação, Consumo e Entretenimento: relações de sociabilidade, identidade e interação entre marcas e sujeitos, orientada pela professora Manuela do Corral Vieira, coordenadora do Grupo de Pesquisa Consumo, Identidade e Amazônia (Facom/ILC), analisou três programas de diferentes plataformas para entender o modo como o entretenimento, aliado à comunicação, atinge seus consumidores.

Primeiro programa analisado foi o reality show “De Férias com o Ex”, transmitido pelo canal de televisão MTV. O estudo acerca da segunda temporada do programa levanta a discussão sobre como a construção de estereótipos reflete no espectador. O reality show só tinha como participantes homens e mulheres heteros, brancos e fitness.  Segundo o bolsista, a pesquisa discute a forma como um programa de simulação da realidade constrói padrões de comportamento, problematizando tal estratégia.

Como segundo objeto de pesquisa, o bolsista escolheu o programa “Papo de Segunda”, vinculado pela emissora de TV a cabo GNT. O programa debate temas diversos, como política, sexualidade e trabalho. Para esse objeto, o foco foi o infotenimento, que une o jornalismo ao entretenimento, de modo que o jornalismo passa a ser transmitido de maneira mais informal, facilitando a compreensão para o espectador.

Polarização política de 2018 alcançou a audiência do “Papo de Segunda”

Em virtude da grande importância do processo eleitoral de 2018 e procurando compreender de que maneira um programa com essa característica - a do infotenimento - influencia a opinião das pessoas, o bolsista aplicou a netnografia – técnica utilizada para obter dados com base nas interações que ocorrem no ambiente digital – e realizou a análise do vídeo “Resultado das eleições: o que aprendemos com isso?”, postado no youtube, que mostra os pontos mais importantes do programa integral, transmitido na TV. “Fiquei cerca de 15 dias coletando todos os comentários e analisando como os usuários se comportavam dentro daquele ambiente”, explica Erick Matheus.

Ao ser perguntado sobre o que mais lhe chamou atenção nesse processo da pesquisa, Erick respondeu “a dicotomia entre a proposta, com distintos pontos de vista, em que vários argumentos são apresentados para que o espectador forme a sua opinião. No entanto, em razão da alta polarização política de 2018, os espectadores discutiam apenas com os seus pares e ofendiam os contrários. Logo a proposta da atração não era alinhada por sua audiência”.

Por motivo do aumento no número de ouvintes de podcasts, o pesquisador escolheu como terceiro e último objeto o podcast “Café da Manhã”, do Jornal Folha de São Paulo, em parceria com o serviço de streaming Spotify. O “Café da Manhã” tem por objetivo debater a principal notícia do dia com jornalistas da Folha e com especialistas naquele assunto. O pesquisador analisou as características do conteúdo e do formato sonoro, além da repercussão da audiência.

Como resultado, Erick Matheus Nery chegou à conclusão de que, em um mundo em que as pessoas tendem a fazer mais coisas em menos tempo, o podcast é uma maneira de se manter informado, sem perder tempo. Dessa forma, o “Café da Manhã”, utilizando-se do infotenimento, da transmidialidade – divulgação do conteúdo multiplataforma – e de uma relação mais próxima com o ouvinte, tenta recuperar a audiência anteriormente perdida, com um novo formato de “fazer jornalismo”.

Para Erick, os aspectos mais importantes da sua pesquisa são “do lado acadêmico, perceber a importância de estudar atrações que impactam a vida das pessoas e entender o que está ‘por trás’ delas. Ao estudar os programas ‘De Férias’, ‘Papo de Segunda’ e ‘Café da Manhã’, foi possível compreender o modo de produção e os reflexos dessas atrações no dia a dia. Pessoalmente, pude desconstruir pré-conceitos sobre o que é ‘ciência’. Mesmo gostando, eu tinha aquele pé atrás com esses conteúdos, por considerá-los fúteis, porém, quando analisamos o seu impacto, passamos a ver que, realmente, é importante estudar essas atrações”.

Ed.152 - Dezembro e Janeiro de 2019 / 2020

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