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Opinião

Publicado: Quinta, 06 de Agosto de 2020, 17h54 | Última atualização em Quinta, 06 de Agosto de 2020, 18h22 | Acessos: 1935

“Ciência no Tucupi” e a divulgação científica na Amazônia

Por Bruno Lopes dos Santos Lobato Foto Acervo Pessoal

A ciência nas universidades vive tempos difíceis. Se, por um lado, temos que lidar com restrições em orçamentos, menor fluxo de recursos para fazer projetos funcionarem, toda sorte de empecilhos na importação de insumos e uma acirrada competição pelas verbas existentes, agora também temos que tratar com outra dificuldade: a desconfiança da sociedade. E essa desconfiança à ciência fica muito mais grave quando influencia as decisões dos poderes constituídos, seja no Executivo, seja no Legislativo, seja no Judiciário.

Mas de quem é a culpa por essa desconfiança? Em minha humilde opinião, parte dessa culpa é das universidades, por não se voltarem à sociedade e explicarem, com paciência, o que fazemos (e para que fazemos) dentro de laboratórios e salas de aula. Nesse contexto, estamos vendo um florescimento na chamada Divulgação Científica, assunto cada vez mais comentado dentro da academia, porém posto em prática ainda com limitações.

Várias universidades brasileiras já estão envolvidas em Divulgação Científica. Uma das iniciativas mais bem-sucedidas é a da Universidade de São Paulo, que conta com a parceria de especialistas para trazer conteúdos agradáveis nas mais diferentes mídias, em todas as redes sociais. Por ter sido aluno da Universidade de São Paulo por 10 anos, este projeto me inspirou a fazer algo semelhante na UFPA, voltado para as Ciências da Saúde. E, assim, surgiu o Projeto “Ciência no Tucupi”.

O “Ciência no Tucupi” foi uma iniciativa para melhorar a divulgação de projetos e resultados oriundos do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e Ciências Médicas da UFPA, mas também englobou posteriormente ações da Faculdade de Medicina da UFPA. O projeto existe desde 2018 e tem se dedicado principalmente à gravação de vídeos, seja com entrevistas sobre estudos relevantes, seja com aulas sobre temas escolhidos. Além disso, parte desse conteúdo foi transformado em podcast e pode ser conferido no aplicativo “Podcast” da Apple.

Com a pandemia da Covid-19 e o afastamento entre professores e alunos, sentimos que poderíamos utilizar as ferramentas já usadas no “Ciência no Tucupi” para manter o contato com nossos alunos de graduação e de pós-graduação, com transmissão, ao vivo, de discussões sobre determinados temas, as famosas “lives”, que se tornaram um dos símbolos deste período.

Neste subprojeto, chamado “FAMED Talks”, selecionamos temas específicos sobre a Covid-19 e o vírus SARS-CoV-2, e convidamos vários professores da região com grande conhecimento a ser compartilhado com a sociedade. As discussões ocorrem na plataforma Google Meet, com um grupo menor de participantes, mas são transmitidas abertamente em tempo real, na página de Facebook do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e Ciências Médicas da UFPA, quinzenalmente.

O “FAMED Talks” já abordou temas mais técnicos, como aspectos gerais do manejo da Covid-19, suas complicações renais e neurológicas, seus aspectos radiológicos, testes sorológicos e moleculares para detecção do SARS-CoV-2, mas também temas amplos, como a pandemia de gripe espanhola de 1918, em Belém, o uso da Telemedicina na pandemia e a espiritualidade em saúde nos tempos de crise. Temos conteúdo para todos os gostos.

Nos próximos meses, manteremos as transmissões voltadas para o tema da Covid-19 até julgarmos necessário. No futuro, pretendemos continuar esse modelo de contato entre academia e sociedade, com outros temas em Medicina. Também desejamos expandir a divulgação de nossa produção científica, quer por vídeo, quer por podcast, e gostaríamos da participação de outros Programas de Pós-Graduação em Medicina de nossa região. Pretendemos ser a cara da divulgação científica médica no Pará e na Amazônia.

Contudo, para que isso seja possível, precisamos de mais mãos trabalhando com esse ideal. Seja docente, seja técnico, seja aluno, precisamos de ajuda para conseguirmos tornar real tal intento. Faço específico apelo aos alunos, que têm a rara oportunidade de trocar o papel de consumidores de divulgação científica para serem produtores.

É imperativo que a academia volte a ser uma instituição de respeito, porém não na torre de marfim, mas ao lado do povo. Que tenhamos o poder de inspirar uma geração de mentes ávidas em consertar este mundo ferido.

Bruno Lopes dos Santos Lobato – professor adjunto da Faculdade de Medicina da UFPA, docente do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e Ciências Médicas, doutor em Neurologia Clínica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP, médico do Ambulatório de Distúrbios de Movimento do Hospital Ophir Loyola. Atua nas áreas de Distúrbios do Movimento e Doenças Neurodegenerativas. E-mail bruls4@ufpa.br

Nossa presença em redes sociais

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YouTube Canal Pós-Graduação em Oncologia e Clínica Médica – UFPA

Instagram @ciencianotucupi

Ed.155 - Jun/Jul/Ago de 2020

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