Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate

Portuguese English Spanish

Opções de acessibilidade

Página inicial > 2019 > 150 - Agosto e Setembro > Maria: mãe de todas as matas
Início do conteúdo da página

Maria: mãe de todas as matas

Publicado: Sexta, 09 de Agosto de 2019, 17h24 | Última atualização em Segunda, 12 de Agosto de 2019, 15h22 | Acessos: 3969

Auto do Círio celebra 25ª edição do seu cortejo-espetáculo

imagem sem descrição.

Por Flávia Rocha Foto Alexandre de Moraes

Outubro é um mês de celebração para o povo belenense. As festividades do Círio de Nazaré foram declaradas, em 2004, Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira e, em 2013, Patrimônio Cultural da Humanidade. Na sexta-feira que antecede a grande procissão, ocorre o Auto do Círio, um espetáculo-cortejo de Artes Cênicas em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré.

O cortejo, que terá sua 25ª edição em 2019, tem início na Praça do Carmo e segue as ruas rumo aos palácios Lauro Sodré (Museu do Estado) e Antônio Lemos (Museu de Arte de Belém). Esse percurso foi escolhido, pois pretende resgatar a importância histórica da Cidade Velha. “Antigamente, os coordenadores chamavam de teatro de rua, mas acho que vai além disso. É cenografia, dança, maquiagem, música, circo, tudo misturado”, afirma o arquiteto e cenógrafo Tarik Coelho, coordenador do programa de extensão responsável pelo evento.

Além de espetáculo, o Auto do Círio é um programa de extensão da Universidade Federal do Pará e oferece diversas oficinas, com mais de 20 professores colaboradores. “O programa de extensão envolve outros projetos de extensão e pesquisa. Alguns professores participam dos ensaios e do espetáculo, mas não do planejamento. Contando todos eles, o número cresce para quase 50 pessoas. Há dois anos, nós também temos parcerias com professores da UEPA e da Unama”, explica Tarik.

A maior oficina realizada é a de preparação de elenco. As oficinas de Canto e Dança também são ministradas com frequência. “Nós tentamos oferecer oficinas o ano inteiro, mas sempre esbarramos no problema do local, onde realizá-las. Enquanto não resolvemos essa questão, realizamos oficinas esporádicas na Escola de Teatro e Dança da UFPA. Como os espaços são cedidos, temos que nos adequar à agenda do local”, explica o coordenador

Tarik Coelho coordena o Auto do Círio desde 2015, mas já trabalha na realização do espetáculo desde 2005. “O Auto é a minha vida. Não saio de Belém depois do mês de agosto e, desde que assumi a coordenação, isso ficou ainda mais forte”, revela o professor. “Desde 2015, eu durmo e acordo pensando no Auto: nas parcerias que vamos estabelecer, nas oficinas que podemos oferecer para a comunidade”, brinca Tarik, que chega a coordenar quase 500 pessoas, entre elenco, segurança, maquiadores, figurinistas e direção.

O ano se inicia com as providências administrativas

A preparação para o cortejo leva em torno de seis meses. Geralmente, o tema e a identidade visual são lançados em junho. “Todos os ofícios devem ser enviados no primeiro semestre para que sejam aprovados, então o ano começa com a parte administrativa. O momento mais efetivo são os três meses que antecedem a apresentação. Nesse período, iniciam-se os ensaios, as oficinas e a criação do roteiro, quando também criamos a visualidade do Auto. Além disso, nós sempre ‘desmontamos’ já pensando no próximo ano”, revela o professor Tarik Coelho.

“Quando lançamos o Auto, também abrimos as inscrições, que são realizadas na Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). Na ficha de inscrição, há a opção ‘elenco’, para quem participa do grande elenco do cortejo; também há ‘assistente de direção’, ‘assistente de coordenação’, ‘cenografia’ e outras áreas com as quais a pessoa pode colaborar. Cerca de 30% ou 40% dos participantes são alunos, os demais vêm da comunidade externa. Isso também ocorre na direção do espetáculo, que conta com pessoas que trabalham no Auto há mais de 15 anos e não têm vínculo com a UFPA”, explica o coordenador.

Todos os anos, um novo roteiro é criado. Ele apresenta referências às figuras maternas de diversas culturas, entidades que se assemelham ao perfil de Nossa Senhora. “A ‘Maria’ é a forma como cada um de nós vê a figura da mãe, da guerreira. Sempre existe o carro das três Marias, onde ficam três mulheres que são importantes dramaturgicamente para o cortejo. Elas são entidades maternas, que vão além da figura da Santa. A fé é bem expandida dentro do Auto. A gente sempre fala: ‘gostou de Maria, pode participar!”, afirma Tarik.

“Eu mesmo tenho uma criação católica, que vem da minha infância. No entanto me considero apenas ‘mariano’, de tão forte que é meu apego por Nossa Senhora”, conta Tarik Coelho. Esse sentimento é comum entre quase todos os realizadores do cortejo.

Tema deve refletir realidade dos espectadores

De acordo com Tarik Coelho, a decisão do tema é coletiva e tem a participação da equipe de criação. “Vamos conversando até decidirmos e sempre estamos abertos à mudança”, afirma. De acordo com o professor, hoje, para a Universidade, o Auto do Círio é um importante ato político, logo o tema deve refletir a realidade dos seus 65 mil espectadores.

Para 2019, o tema escolhido foi “Maria: mãe de todas as matas”, com Nossa Senhora representando a Amazônia e vice-versa. “No cortejo, serão retratadas entidades e encantarias do folclore paraense que são associadas à floresta”, antecipa Tarik.

Ano passado, o tema “Maria: diversidade do amor” foi pensado em razão das discussões geradas durante as eleições. “Na época, a Universidade e outras instituições estavam realizando campanhas de conscientização sobre o tema. Foi o momento certo”, avalia o coordenador. O espetáculo celebrou a diversidade artística, cultural e religiosa de Belém.

Acima de tudo, o Auto do Círio está ligado à memória. Ao celebrar seu 25º aniversário, as edições passadas ajudam a remontar a história do espetáculo. “Desde que assumi a coordenação, criei o acervo do Auto, o que permite a reutilização de materiais por outras edições do cortejo e a exposição desse material”, conta Tarik.

“O Auto do Círio hoje, como patrimônio imaterial desde 2012, representa uma manifestação cultural importante para o Brasil. Ele tem um forte aspecto social. É uma manifestação artística na qual a comunidade também se torna artista, o que faz com que o evento ganhe uma proporção que nós não conseguimos mensurar. Nós estamos tentando intervir mais na Cidade Velha, com grupos de lá, para que o Auto e a UFPA se tornem mais próximos daquele bairro. O Auto do Círio vai para além do espetáculo”, conclui Tarik Coelho.

Mais informações: acesse @autodocirio no Instagram e no Facebook ou no e-mail autodocirioufpa@gmail.com

Agenda

Setembro: oficina de preparação do elenco.

Outubro: cortejo-espetáculo, 11, sexta-feira, às 19h.

Ed.150 - Agosto e Setembro de 2019

----------

Programa de Extensão Auto do Círio

Coordenação: Tarik Coelho

Adicionar comentário

Todos os comentários estão sujeitos à aprovação prévia


Código de segurança
Atualizar

registrado em: ,
Fim do conteúdo da página