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Resenha: Uma proposta anarcometodológica para as Artes

Escrito por Beira do Rio | Publicado: Quinta, 13 de Abril de 2017, 14h32 | Última atualização em Quinta, 13 de Abril de 2017, 16h04 | Acessos: 5067

Obra propõe novos parâmetros metodológicos para a pesquisa em Arte

Por Walter Pinto Reprodução Alexandre Moraes

Nas primeiras páginas de Anarcometodologia: o que pode uma pesquisa em Arte, seu autor, o professor Luizan Pinheiro, da Faculdade de Artes Visuais da UFPA, deixa clara a aventura desnorteante que o leitor terá pela frente, se for um desavisado “que gosta muito e quer permanecer em sua zona de conforto”.  A advertência, assinada pelo artista Táta Kinamboji, recomenda ao leitor se afastar do livro, se não estiver “disposto a caminhar por terrenos movediços, enfrentar tempestades, se deslocar de tudo o que lhe foi dito como verdade absoluta e se dispor a ser mais um agente de mudança”.  No entanto, se estiver disposto a “transpor a ditadura do pensamento imposto pela violência colonizadora e cultivar a arte em território de liberdade”, sugere seguir em frente, pois em Anarcometodologia encontrará alguns caminhos entre os muitos labirintos possíveis.

Quando da publicação do livro, o autor alertou os leitores sobre suas características incomuns, anárquicas e artesanais, uma experimentação e busca para além da estrutura acadêmica tradicional. A pesquisa em Arte é o tema central do livro, entendida como a “produção de um pensamento aberto e experimental de objetos que produzam, num certo nível, intervenções fundamentais no solo social, cultural e educacional, assim como no próprio pensamento”. O autor toma os parâmetros instituídos pela Associação Brasileiras de Normas Técnicas, a ABNT, tornados obrigatórios para a produção acadêmica, e submete-os à crítica, observando a inconveniência do uso na pesquisa em Arte.

O espírito rebelde, criativo e um tanto iconoclasta de Luizan Pinheiro já ficara exposto desde sua tese Pichação: arte contemporânea, defendida em 2008 na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e como professor de Metodologia de Pesquisa em Arte, do Programa de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Ciências das Artes, da UFPA, que define como “antidisciplina”, na qual, mais do que enfatizar métodos e técnicas de pesquisa presentes em diversos trabalhos de autores comprometidos com o pensamento, buscou ampliar o olhar por sobre as articulações entre Arte, Ciência e Filosofia. Muito do que está presente em Anarcometodologia nasceu como produto dessa experiência em sala de aula e do enorme aporte de leituras realizadas pelo autor, acadêmicas ou não.

Para os amantes de textos que subvertem a lógica e produzem óticas transgressoras, incomuns, porém dotadas de sentido real e lírico, como faz, por exemplo, o poeta pantaneiro Manuel de Barros em suas criações (uma delas, por sinal, Luizan pinça como epígrafe: “trabalho arduamente para fazer o desnecessário”), o livro deve agradar bastante. Num dos artigos mais criativos do livro, o autor faz alusão à exigência aos que produzem trabalhos acadêmicos de “fundamentarem o pensamento em um conjunto de autores, conceitos e teorias que, o tempo todo, tem a função de garantir os argumentos e as afirmações acerca de qualquer questão-problema que, por ventura, vimos a intuir, discutir.” O livro de Luizan não foge do consumo em fontes diversas, mas sua originalidade e o pioneirismo de estudar a produção de Arte fora dos cânones, certamente, vão dotá-lo de capacidade para tornar-se fonte própria e referencial na área.

O livro está organizado (o termo talvez não seja exato em se tratando de uma obra essencialmente anárquica) em quinze temas, escritos entre 2011 e 2015: Homo Teoricus; O que pode uma pesquisa em arte; Diálogos; Introduzir não é preciso; Morte ao anexo; Ex-citações; O corpo informe; Objetivo é...; Atirem na Dona Norma; Anarkhos; Ninguém pode dizer o que pode uma pesquisa em arte todos podem dizer; As beatas são...; Desorientar, as dissertações; ABNT, Ansiedade Básica e Novas Táticas; Manol Al; HB: uma viagem.

Há, também, um apêndice, ou melhor, apendicite, segundo o autor, com os textos: Fu$conha em Fug@! Cannabis e videotransgressão; Mar de cílios. Ou no bar com Celina...; Memórias literofragmentárias do pau.  O livro está à venda na Livraria da Editora Universitária da UFPA, no campus Guamá.

Serviço: Anarcometodologia: o que pode uma pesquisa em Arte. Luizan Pinheiro. UFPA, 2016. 312 páginas.

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