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Jogando contra o barbeiro

Escrito por Beira do Rio | Publicado: Terça, 13 de Dezembro de 2016, 15h28 | Última atualização em Quarta, 14 de Dezembro de 2016, 16h46 | Acessos: 8704

Aplicativo traz informações sobre combate à doença de Chagas

O jogo traz imagens de pontos turísticos de Belém, tornando o ambiente familiar para as crianças.
imagem sem descrição.

Por Hojo Rodrigues Foto Alexandre Moraes

São muitas as doenças transmitidas ao ser humano por meio da ingestão de alimentos ou água contaminados. Entre elas, estão as salmoneloses e as parasitoses. Atualmente, em razão das mudanças na forma de transmissão, a doença de Chagas, causada pelo protozoário parasita Trypanosoma cruzi, passou a fazer parte da lista. Na Amazônia, a doença teve um crescimento significativo de novos casos, atribuídos ao consumo de alimentos mal higienizados e expostos a contaminação, com destaque para o açaí, fruto bastante consumido na região.

De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), este ano, já foram registrados 191 casos de pessoas infectadas pelo protozoário em todo o Pará, o que se constitui num grave problema de saúde pública. A maioria dos casos foi de transmissão por meio de ingestão de alimentos contaminados. A doença de Chagas possui duas fases clínicas: a aguda, na qual os sintomas duram de três a oito semanas; e a crônica, quando os sintomas mais recorrentes estão relacionados a distúrbios no coração e no intestino. Entre outros sintomas da doença, estão a febre, o crescimento do fígado, o aparecimento de gânglios linfáticos e a inflamação das meninges.

Para prevenir surtos da doença na capital paraense, foi elaborado o Projeto de Extensão “Ações integradas para a promoção da saúde e prevenção de doenças transmitidas por alimentos”, sob a coordenação da cardiologista Dilma do Socorro Moraes de Souza, professora da Faculdade de Medicina (ICS/UFPA).

O projeto teve início em 2013 e desenvolve ações de prevenção contra doenças transmitidas por alimentos, trabalhando políticas públicas de higienização de alimentos, mas com um foco maior na doença de Chagas. Existe uma diferença muito grande entre uma infecção intestinal e uma doença cardíaca, ambas provocadas por parasitoses em alimentos mal higienizados. A doença cardíaca vai se tornar aguda e crônica, podendo até matar. Daí a nossa preocupação com a doença de Chagas, que afeta o coração e tem uma grande incidência no Estado”, conta a pesquisadora.

Bairros da periferia apresentam maior registro de casos

Até o momento, o projeto de extensão tem trabalhado apenas com crianças e adolescentes. Para Dilma Moraes Souza, esse público representa os principais multiplicadores de informações a respeito da doença. As ações são realizadas, na maioria das vezes, nos bairros endêmicos da capital paraense. As atividades são desenvolvidas em feiras e escolas públicas e privadas de Belém.

“Escolhemos as zonas endêmicas para causar um impacto imediato, principalmente nos bairros nos quais foram registrados mais casos da doença, como Guamá, Tenoné, Jurunas e Canudos. Todos estão localizados na periferia da cidade”, revela Dilma. Teatro de fantoches, oficinas de higienização de alimentos, palestras e distribuição de gibis, cartilhas e fôlderes estão entre as atividades realizadas pela equipe. A cardiologista conta que resolveu desenvolver as ações lúdicas para tornar a temática interessante para as crianças.

No teatro de fantoche, os personagens são animais e seres folclóricos regionais, como o boto, o papagaio, o Curupira e a Cobra Grande. Eles falam sobre a doença de Chagas usando uma linguagem típica da nossa região. O gibi sobre a doença de Chagas também faz sucesso entre as crianças. “A doença de Chagas é retratada nos quadrinhos, por meio de uma historinha contada também em uma linguagem regional. É mostrado o barbeiro, que é o inseto vetor da doença, os sintomas e a prevenção da doença. No final, há as palavras cruzadas e um jogo de caça palavras”, explica a cardiologista.

O projeto, que já atendeu 316 crianças e adolescentes, articula ações de extensão, pesquisa, ensino e assistência e conta com uma equipe multidisciplinar, formada por 16 pessoas. “Hoje, nós temos profissionais de Estatística, de Biologia, de Fisioterapia, de Nutrição e de Farmácia. Acredito que, quando se amplia uma equipe e há uma interdisciplinaridade, são envolvidos novos saberes que ajudarão a construir produtos que serão aplicados na população”, diz Dilma Moraes Souza. O projeto está inserido no Programa Interdisciplinar da Doença de Chagas, o qual possui outros projetos voltados para a doença.

Segundo a pesquisadora, o projeto tem alcançado seus objetivos, já que, este ano, a equipe registrou menos casos de pessoas infectadas com a doença, em comparação ao ano passado. “Este ano, nós tivemos cerca de 80 casos da doença até o momento. Em meados de 2015, nós já tínhamos mais de 100 casos”, revela.

Entre os alimentos que transmitem a doença por meio da ingestão, encontram-se o caldo de cana-de-açúcar, a goiaba, a farinha d’água, a bacaba e o açaí, que continua como o principal alimento que transmite a doença, geralmente, por falta de higiene. “O açaí é um alimento muito consumido na região, por isso ele está associado à transmissão da doença. Mas há hipóteses sugerindo que, por ser um fruto calórico, o açaí libera CO² (gás carbônico), que atrai o barbeiro e, desta forma, há a possibilidade de o inseto ser triturado com o alimento”, explica.

Chagame foi desenvolvido para crianças de 5 a 7 anos

Durante as atividades realizadas nas escolas, a equipe percebeu que algumas crianças se dispersavam ao utilizar aparelhos celulares e tablets.  “Então pensamos em desenvolver uma atividade para os aparelhos eletrônicos e criamos o jogo Chagame, do qual participei como orientadora”, conta a professora Dilma Moraes Souza. A ideia de criar o jogo partiu do estudante da Faculdade de Medicina da UFPA, Jefison Lopes, 24 anos, voluntário do projeto. O Chagame  já alcançou mais de mil downloads e está disponível em celulares com sistema operacional Android.

O Chagame é um jogo em 2D, artesanal, com interface básica e lembra o jogo do Mário World, o qual tem como principal objetivo fazer o usuário se defender de obstáculos e perigos para poder avançar de fase. “No Chagame, o barbeiro é o principal obstáculo a ser vencido e suas fezes representam um grande perigo, assim como na vida real”, explica o estudante, que se interessa por tecnologias desde a adolescência. “Acredito que a tecnologia tem o poder de disseminar informação e, para a área da saúde, isso é muito importante”, afirma.

O jogo traz imagens de pontos turísticos da capital paraense, permitindo que as crianças se identifiquem com a plataforma. “Nas escolas, disponibilizamos celulares e tablets para que as crianças possam jogar durante alguns minutos. Em seguida, fazemos perguntas sobre a doença de Chagas e quais as melhorias que podem ser feitas no jogo”, explica Jefison Lopes.

Inicialmente, o Chagame foi desenvolvido para crianças de 5 a 7 anos de idade. No entanto, com a sua disponibilidade no Google, pode-se perceber que adolescentes e jovens ficaram curiosos para conhecer o aplicativo. “O Chagame é uma isca para gerar educação em saúde. Ele traz informações importantes de como se prevenir da doença de Chagas”, conta Jefison.

Ciclo de contaminação

O Trypanossoma cruzi  é transmitido ao ser humano por meio das fezes do inseto vetor, o barbeiro. O percevejo hematófago adquire o T. cruzi por meio de sua alimentação. Ao defecar, o inseto libera os protozoários que contaminam alimentos expostos. Ao ingerir o alimento contaminado, a pessoa  é infectada e apresenta os sintomas da doença de Chagas.

Ed.134 - Dezembro e Janeiro de 2016/2017

Comentários  

0 #1 projeto de pesquisa 13-04-2017 00:57
naveguei em várias páginas e posso afirmar գue
eѕte aqui foi o գue melhor tratou o o tema . sucesso
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